Câmara Técnica da Bacia Drenante às Lagoas Costeiras - Ata da 16ª Reunião


 

Data da reunião : 26/09/2007

Local : CREA-RJ, sala 1007

 

Membros presentes :
CREA/RJ - Adacto Ottoni
SMAC - Vera Lúcia G. Oliveira
SMO - Marco Aurélio R. de Oliveira; Mônica Montenegro

 

Membros ausentes:
Fórum de Reitores
CRBio-2
ABES

 

Convidados:
SMO: Durval Mello
FEEMA - Mauricio Soares
CEDAE - Sergio Henrique Rodrigues da Silva
OAB - Elisa Sesana
Empresa Craft - Renata Maria V. Pereira
Empresa DT Engenharia: João Carlos Gomes de Oliveira (presidente), Dra. Helena (química responsável) e Eng. Carlos Alberto (responsável pela obra)

 

Prof. Adacto iniciou a reunião dando boas vindas aos presentes e lembrando para que todos façam uso do microfone para permitir a gravação da reunião. A pauta da reunião contempla sua palestra sobre a Lagoa Rodrigo de Freitas seguida da apresentação da DT Engenharia sobre a Estação de Tratamento do Arroio Fundo. O engenheiro propõe iniciar a reunião pela apresentação da DT Engenharia por ser tema mais relevante, seguido de debates e esclarecimentos sobre o assunto; depois seria realizada a sua palestra e respectivo debate, seguido de assuntos gerais; logo após passou a palavra à empresa DT Engenharia.

 

A apresentação do projeto de estação de tratamento no Arroio Fundo foi feita pelo Engenheiro João Carlos Gomes de Oliveira, da DT Engenharia, que informou:

 

•  a proposta do sistema não é competir ou substituir os sistemas de esgotamento sanitários e sim de antecipar resultados, através da despoluição das águas do Arroio Fundo em ponto de grande impacto. No futuro, quando o sistema de esgotamento sanitário da região estiver implantado, a estação servirá para remover as cargas difusas que chegam pela rede de drenagem pluvial;

•  o processo é 100% nacional, patenteado em escala mundial; consiste em sistema de coagulação, floculação e flotação; opera em situações onde são verificadas variações de vazões/velocidades e de cargas poluidoras; o lodo flotado é removido por técnica de dragagem superficial, desenvolvida pela empresa;

•  as instalações consistem de: - uma caixa natural para depósito de materiais sedimentáveis trazidos pelo rio (construída através de dragagem do leito do rio); - uma cerca flutuante (para a coleta de resíduos da superfície do corpo hídrico); nesta etapa também ocorre a injeção de bolhas de ar que fazem com que os sacos plásticos existentes na massa d´água flotem e sejam retidos pela cerca; equipamento para mistura e adição de produtos químicos (coagulante e polímeros); - retirada dos flocos formados através de flotação;

•  direcionamento do lodo retirado para interceptor oceânico, através de bombeamento;

•  provoca a redução:

. da colimetria pela retirada dos sólidos em suspensão;

. da turbidez, cor, metais pesados dissolvidos;

. de fósforo total e dissolvido, um dos principais macronutrientes, diminuindo a proliferação de algas;

•  a água final na maioria das vezes sai da estação saturada de Oxigênio, resultante do processo de flotação com ar;

•  não há redução de nitrogênio;

•  não há adição de produto para desinfecção;

•  a eficiência de remoção é de 90% para turbidez, 93% para sólidos voláteis, 94% para DBO, maior que 90% para fósforo total;

•  em situações de chuvas fortes, com conseqüente aumento da vazão do rio, a estação paralisa a operação;

•  apresentou várias estações de tratamento instaladas no Brasil, com vários anos de operação. Ex.: Lagoa da Pampulha (com metade da capacidade do Arroio Fundo) e Ibirite (MG); Pinheiros (SP);

Em continuidade, o Engenheiro Adacto iniciou a fase de debates e esclarecimentos, apresentando seus pontos específicos a serem esclarecidos:

•  discorda da destinação dos resíduos para o emissário submarino, devendo o mesmo ser destinado a aterro sanitário, após secagem;

•  na ocasião de chuvas, como será o comportamento da grade retentora de lixo; preocupação: enchentes a montante;

•  qual a garantia da quantidade correta de produtos químicos a serem adicionados no corpo hídrico para a realização do tratamento; preocupação: variações bruscas de pH que tem como conseqüência impactos na fauna e flora;

•  se existe planejamento de monitoramento da qualidade da água que chega a estação e depois do tratamento;

•  se foi realizado algum estudo ecológico feito para as outras ETEs já implantadas (laudos, pareceres) sobre a água do rio e da lagoa receptora;

•  qual o destino do lixo retirado das grades;

 

Retomando a palavra, o engenheiro João Carlos esclareceu:

•  a destinação dos resíduos para o emissário submarino está contemplada na Licença de Instalação emitida pela FEEMA;

•  a cerca de lixo é flutuante, tendo capacidade para acompanhar a mudança de nível de água; o lixo carreado abaixo da superfície não será retirado;

•  quanto ao impacto na fauna e flora, as experiências com os outros empreendimentos mostram que não ocorrem variações bruscas de pH, porque a injeção do produto químico é corrigida para mais ou para menos em função da necessidade do fator de coagulação; não há adição de cal;

•  a estação possui monitoramento: sensores monitoram parâmetros na entrada (pH, turbidez, fator de coagulação) e na saída (pH, turbidez, OD) e as vazões de chegada ao longo do tempo; se algum parâmetro se apresentar fora do estabelecido, a injeção de produtos químicos é interrompida; este sistema já funciona nas ETEs da Pampulha e Pinheiros;

•  o monitoramento a ser exigido pelo órgão ambiental ainda não foi definido;

 

O engenheiro Adacto comentou também sobre a estação de São Conrado, que foi veiculada matéria sobre a piora da balneabilidade da praia. O engenheiro João Carlos colocou que a matéria foi feita após 8 meses da estação parada e não a partir do reinício de funcionamento. O engenheiro Marco Aurélio da O/SUBAM falou que a GLOBO já pediu uma entrevista e que eles escrevem o que querem. O engenheiro Adacto reiterou que, por isso, o monitoramento e sua divulgação são fundamentais e que os resultados deveriam ser apresentados no site da O/SUBAM; colocou o CREA a disposição para visitar a estação e comprovar sua operação, auxiliando na transparência das ações.

 

O engenheiro Sergio informou que começou a monitorar a estação de São Conrado e todo o canal até o deságüe no mar.

 

O Eng. Marco Aurélio esclareceu que o sistema é grande, não é só a estação e que ele pode ir lá conhecer.

 

A engenheira Vera colocou que na semana anterior esteve na praia de São Conrado, em dia de sol e, na ocasião, a última galeria na praia do Pepino jorrava água. Olhando para o morro são vistas casas.

 

O engenheiro Sergio informou que a área tem muita nascente e é possível ser um destes casos; o que pode preocupar é se a água tiver uma coloração estranha, o que pode não ser esgotos, mas como tem mudança de cor não deveria ir para a praia; esta galeria no final da praia não tem nenhuma captação pois é de uma parte quase não habitada. A única poluição que tinha ali é da Associação de Vôo Livre que opera com fossa, pois no local não tem rede de esgotos e quando está na época de limpar dá uma alteração de cor na saída. O rio Canoas sofreu um grande trabalho de despoluição; não sabe se a FEEMA fez uma avaliação recente mas o aspecto da água está muito bom, mesmo assim, existe uma captação debaixo da Estrada da Gávea. A parte da obra de São Conrado previa uma galeria de cintura pegando todas as captações, que não foi feita; só tem a captação do rio da Jaime Silvado com Almirante Álvaro Alberto e a captação da galeria da Rocinha.

 

A engenheira Vera falou sobre o entendimento de que hoje em dia a instalação de UTR no município é benéfica, levando-se em conta que o sistema de tratamento do rio poderá ser retirado ou utilização para a redução da poluição difusa que chega ao rio; entretanto tem as mesmas preocupações colocadas pelo engenheiro Adacto; não acha boa solução a destinação do lodo para o emissário submarino e tem preocupação com excesso de alumínio, mas entendeu a explicação feita, que será através de controles eletrônicos; gostaria de saber qual o percentual de lodo gerado no tratamento, a partir da experiência das outras unidades já em funcionamento; perguntou também qual a destinação do material retido no primeiro rebaixamento, que servirá como caixa de areia e qual o objetivo do segundo rebaixamento; colocou como sugestão para o engenheiro Adacto, que tinha comentado estar em contato com o eng. Jair, da CEDAE, e que propôs a ele a retirada dos esgotos que chegam no rio através de captações junto aos rios, que façam estas captações a montante do Arroio Fundo, que irá ajudar na despoluição dos rios.

 

O engenheiro Sergio pediu a complementação das respostas às perguntas feitas; já foi colocado sobre o monitoramento da estação, mas tem outras colocações que foram feitas, pois das respostas poderão vir outras questões, para se esgotar o assunto da estação. Se for o caso, se continua o debate.

 

O engenheiro Marcos falou que falta a questão do pH e, que foi colocado com muita ênfase, a questão do estudo ecológico, o monitoramento antes e depois, o inventário.

 

O engenheiro João Carlos esclareceu, com relação à pergunta da CEDAE sobre a vazão que ela opera em período de chuva: as estações são projetadas para operar até 20% da vazão nominal dela, ou seja, a estação do Arroio Fundo operaria com vazão máxima até 1.800 L/seg, com 20% de incremento de vazão seriam mais 360 L/seg; até este instante ela opera com rendimento máximo; a partir deste momento já se tem uma grande diluição do esgoto e em função desta diluição a equação econômica e de engenharia começa a desequilibrar.

 

O eng. Adacto perguntou sobre a grade para a retirada de lixo. Foi informado que o sistema não tem grade e sim cerca flutuante, que não obtura o rio. O eng. Adacto questionou sobre inundação por causa da cerca. Foi informado que a cerca é flutuante, que não provocará inundação mesmo com grande aumento de caudal e que o sistema de automação já funciona em outras instalações.

 

O engenheiro João Carlos esclareceu ainda que o rebaixamento existente na região da coleta de lodo é um dispositivo hidráulico, pois o lodo está flutuando e naquela região não é interessante que se tenha gradientes de velocidade tal que possa carrear o lodo, o rebaixamento é para redução da velocidade. A empresa é um fornecedor e a solução que está sendo implantada foi discutida com uma comissão da O/SUBAM que conheceu diversas instalações, inclusive concorrentes, e a partir disso foi concebida esta solução adaptada para o cliente RIOAGUAS. O problema de esgoto em rio é dinâmico e existe a carga difusa; um dos grandes poluentes dos grandes centros urbanos é a própria erosão do asfalto, pois o asfalto erodido e o próprio pneu vão para os rios; outros são as lavagens dos pátios.

 

O eng. Durval informou que foi visto em congresso vários trabalhos de cidades que já têm seu esgotamento sanitário implantado e ainda assim eles vêm a necessidade de um polimento porque identificaram que a carga poluente, 50% não é esgoto.

 

O eng. Sergio colocou então da alteração da frase que diz que o problema é esgoto.

 

O eng. Adacto chamou a atenção para o adiantado da hora e da necessidade de terminar a reunião.

 

O eng. João Carlos, para finalizar, explicou que a disposição do lodo que não foi determinação da empresa nem da RIOAGUAS e sim da FEEMA, que determinou isso, baseado na resolução 357; todas as instalações do Brasil onde passa um coletor tronco ou um interceptor, este lodo é direcionado ao emissário submarino. Em casos em que não há rede próxima este lodo é desidratado, e vai para o aterro sanitário.

 

O eng. Adacto solicitou uma resposta por escrito para os quatro pontos principais levantados: o lodo vai ou não para o emissário, porque se for o CREA poderá entrar no Ministério Público ; os outros pontos são o estudo ecológico, o monitoramento do sistema.

 

O eng. Durval colocou que as estações de São Conrado e do rio Carioca também são assim e que o CREA não se posicionou. O eng. Adacto falou que, se for assim deliberado, chamar o fiscal da FEEMA que deu a licença.

 

O eng. Marco Aurélio colocou que a Câmara Técnica do CONSEMAC, pelo próprio estatuto do CONSEMAC, não pode solicitar a presença do fiscal para questionamento, e sim ao órgão que deu a licença. Esta solicitação tem que ser feita pelo CONSEMAC, e como se vai levar isso ao CONSEMAC tem que ser discutido em outra reunião pelos membros desta Câmara Técnica, e a RIOAGUAS irá se posicionar sobre isso. Complementando sobre os quatro itens, colocou que a questão do lodo já foi explicada, que foi dada uma licença e que será feito o que ela contempla; se houver algum problema isso pode ser discutido, até porque ainda está em fase de conclusão. O monitoramento também já foi explicado, que é por sensor, on-line, e que todos podem ir a São Conrado conhecer; quanto ao estudo ecológico, a RIOAGUAS informa que não existe porque no momento do pedido da licença de implantação não foi feita pela FEEMA nenhuma exigência deste tipo, porque a FEEMA deve entender que este tipo de sistema, pelos controles que eles têm, não há esta necessidade. Quanto à questão de lixo no rio, ele tem as barreiras dele, porque não pode deixar este sedimento bruto passar para o sistema dele: ele é retirado do flutuante que será encaminhado para bota-fora (Jardim Gramacho, Catiti, ...). A RIOAGUAS irá definir a destinação, como também definirá a destinação dos resíduos da caixa de areia. Fica, portanto, a questão do lodo.

 

O eng. Adacto colocou que ficam pendentes os esclarecimentos da FEEMA e propõe, então, a chamada de um representante. O eng. Marcos coloca que a Câmara Técnica não pode solicitar nada de órgão externo, só o CONSEMAC. Coloca que na próxima reunião do CONSEMAC, o CREA solicite a FEEMA esclarecimentos sobre a LI do Arroio Fundo e então os traga para este fórum.

 

O eng. Adacto concordou em propor ao CONSEMAC na próxima reunião, de chamar a CECA para vir à Câmara Técnica prestar os esclarecimentos. Propôs também uma inspeção da Câmara Técnica à Estação de Tratamento de São Conrado no dia 15/10, para conhecer o sistema: como é a captação, a retirada de lixo, o sistema, o monitoramento.

 

O eng. Durval explicou que o Grupo de Trabalho visitou todas as estações e decidiu sobre este tipo de estação que está sendo implantada para a retirada da poluição do rio; ela é uma estação de um grupo de cinco e esta foi escolhida como primeira pela proximidade do PAN e da Vila Panamenricana; a operação atendeu aos Jogos Panamericanos e os resultados serão utilizados para a solicitação da LO. Para ver uma estação de tratamento aos moldes da que está sendo construída no Arroio Fundo, a de São Conrado não serve. Teria que ser vista a da Pampulha, que é semelhante. O eng. Adacto colocou como impossível de todos os membros da CT irem a Pampulha.

 

O eng. Marcos colocou que a estação de São Conrado foi herdada do governo do estado, da SERLA, e que o quadro dos sensores mostra que nem todos estão funcionando, mas dá para ter uma idéia global do sistema, mesmo sendo sistema fechado, diferente do Arroio Fundo. O eng. Adacto colocou que é só para ter a idéia mesmo, e ver o monitoramento. O eng. Durval colocou que é melhor conhecer a estação do Flamengo.

 

O eng. João Carlos colocou que entende que o eng. Adacto quer ver qual a solução de engenharia; a que mais se aproxima ao Arroio Fundo é a da Pampulha, onde poderão ser vistos, conversando com os operadores, como é o sistema, os impactos provocados, como é a operação e monitoramento; ela é metade do Arroio Fundo. São Conrado é estação subterrânea, não vai ver nada, nem esclarecer. Acha que caberia a pelo menos um membro da Câmara Técnica conhecer a Pampulha. Isto não impede de ver São Conrado, mas ir a Pampulha tiraria 99% das dúvidas.

 

Fechando a reunião, o eng. Adacto propôs a troca de membros da Câmara Técnica, com a retirada dos membros: ABES, SENGE e Planejamento Estratégico. Entrariam a OAB, CEDAE e FEEMA. Ficando a Câmara Técnica composta pelos seguintes membros: CRBio, CREA, Fórum de Reitores, SMAC, SMO, FEEMA, CEDAE e OAB. Todos de acordo.

 

O eng. João Carlos perguntou se a empresa poderia participar da Câmara Técnica. O eng. Adacto disse que sim, como convidado. O eng. João Carlos indicou o eng. Carlos Alberto como seu representante ou a Dra. Elena, especializada em química.

 

Ficaram marcadas: a próxima reunião para a última quarta-feira do mês, dia 24/10/2007 e a visita a estação de São Conrado no dia 16/10 às 10 horas.