Prefeitura apresenta o primeiro trem do VLT produzido no Brasil
21/10/2015 16:27:00 » Autor: Flávia David/ Fotos: Ricardo Cassiano

Em produção na fábrica do interior paulista, o veículo integra uma frota de 32 trens do sistema que circulará pelo Centro do Rio a partir do primeiro semestre de 2016. A viagem foi acompanhada pelo secretário especial de Concessões e Parcerias Público-Privadas (Secpar) da prefeitura, Jorge Arraes, por representantes da Cdurp e da Concessionária VLT Carioca (formado pelas empresas CCR, Invepar, OTP, RioPar, RATP/França e Benito Roggio/Argentina), e por diretores e funcionários da Alstom.
Dos 32 trens do sistema, 27 estão em fabricação em Taubaté e os outros cinco virão da cidade francesa de La Rochelle (até o final de novembro deste ano). Os veículos fabricados no Brasil começam a chegar no Rio de Janeiro a partir de janeiro de 2016. Um acordo de transferência de tecnologia, viabilizado pelo regime de Parceria Público-Privada (PPP) entre a Prefeitura do Rio e a Concessionária do VLT Carioca, garante 60% de conteúdo local aos trens.

Compostos por sete módulos e com capacidade para transportar 420 passageiros cada um, os trens do VLT funcionarão 24 horas, nos sete dias da semana, com expectativa de atender a 300 mil passageiros diariamente. O tempo máximo de espera entre um trem e outro vai variar de três a 15 minutos, de acordo com a linha utilizada, a demanda e o horário. Cada veículo vai operar com velocidade média de 15 km/h, incluindo as paradas.

O VLT ligará o Centro à Região Portuária em 28 km de extensão, integrado ao metrô, trens, barcas, Teleférico da Providência, Rodoviária Novo Rio, BRTs, redes de ônibus convencionais e ao Aeroporto Santos Dumont. Com investimento de R$ 1,1 bilhão, sua implantação avança e a instalação dos trilhos pode ser vista pelo carioca em vias como a Binário do Porto, Avenida Rodrigues Alves, Praça Mauá e Avenida Rio Branco. Sua implantação acontecerá em duas etapas: a primeira, da Rodoviária Novo Rio ao Aeroporto Santos Dumont; e, a segunda da Praça 15 até a Central do Brasil.

Para operar veículos altamente tecnológicos, os futuros condutores do VLT Carioca estão participando de cursos de capacitação na França, oferecidos pela RATP. De acordo com a concessionária, os alunos estão tendo 100% de aprovação no treinamento, que inclui condução de VLTs em ruas francesas.
Um dos destaques do sistema é que as unidades construídas em solo nacional são do modelo "Citadis", operado sem centenárias (cabos aéreos para alimentação por energia elétrica). A alimentação se dá por duas fontes de energia: supercapacitores e um terceiro trilho energizado. O pagamento será feito pelo próprio usuário, que fará a validação da passagem, sem a necessidade de catracas ou cobradores. Por se tratar de um sistema que fará a integração com outros modais de transportes, será permitida a utilização do Bilhete Único (Carioca e Estadual) e de bilhetes unitários adquiridos nos terminais de autoatendimento presentes nas paradas e postos de venda do RioCard. Os bilhetes poderão ser pagos em dinheiro e cartão de débito.

Instrumento de uma política global de mobilidade, a tecnologia do Veículo Leve sobre Trilhos está em operação em mais de 400 cidades e em implantação ou desenvolvimento em cerca de 260 cidades distribuídas nos cinco continentes.

Inaugurada em março deste ano, a fábrica de Taubaté (SP) ocupa 16 mil metros quadrados e tem capacidade para produzir de sete a oito trens por mês, disponibilizando espaço para testes estáticos e dinâmicos (com trens em movimento). O investimento no complexo industrial é de R$ milhões e a empresa traz conhecimento técnico das unidades da Europa - condição contratual para o fornecimento dos trens ao projeto.
A Alstom é a única produtora na América Latina equipada com via de testes. Com cerca de 400 metros de comprimento, a via construída no interior de São Paulo é expansível. Futuramente, poderá chegar a 750 metros, tendo nesse formato tensão aumentada de 750 volts para até 3.000 volts. Na fase de testes, os trens podem transitar pela vis na velocidade de até 40 km/h. Com a expansão da pista, a velocidade limite será ampliada para até 80 km/h.
Quando atingir o pico de produção, na operação plena, o processo de fabricação dos trens será responsável pela geração de 150 empregos diretos e 450 indiretos. Para contratação de mão de obra local, a capacitação dos candidatos foi por meio do programa de formação profissional voltado às áreas de montagens de VLTs. O projeto foi concebido em parceria da empresa com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Taubaté, o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté. Ao final deste processo, 50 funcionários foram contratados, e em plena atividade operacional, a expectativa é de treinar 400 candidatos.
Porto Maravilha
Um dos maiores projetos da cidade, a operação Porto Maravilha vem, desde 2009, requalificando uma das mais importantes áreas do Rio, devolvendo à população ruas revitalizadas, novos equipamentos culturais, maior integração entre meios de transporte e espaços para o pedestre. Considerado a maior Parceria Público-Privada do Brasil, no valor de R$ 8 bilhões, o projeto é executado pela Concessionária Porto Novo (formada pelas empresas Odebrecht, OAS e Carioca Engenharia), que será responsável pela prestação de serviços naquela região por 15 anos, como conservação e manutenção de vias públicas e monumentos históricos, iluminação pública, limpeza urbana e coleta de lixo domiciliar.
As transformações provocadas pelo projeto vão desde a demolição do Elevado da Perimetral, que durante anos contribuiu para a degradação da região, passando pelo surgimento de novos pilares culturais, como os Museu de Arte do Rio (MAR) e o Museu do Amanhã, até a construção de um boulevard para pedestres na Avenida Rodrigues Alves.
Através do Porto Maravilha, a Região Portuária da cidade está sendo beneficiada, entre outras melhorias, com a reurbanização de uma área de cinco milhões de quilômetros quadrados, 700 km de rede de infraestrutura (água, esgoto, telecomunicação, drenagem, gás e energia), cerca de 17km de ciclovias, otimização do tráfego de veículos, valorização do patrimônio material e imaterial da região, priorização do transporte público de média capacidade e a valorização do pedestre.
A abertura de novas casas noturnas, bares e restaurantes também é o reflexo dessa retomada, que permitiu que o Rio voltasse a reencontrar sua história.