Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

 

 


 

Prefeitura anuncia metas para neutralização das emissões de carbono até 2065

30/11/2015 14:24:00  » Autor: Flávia David / Fotos: Ricardo Cassiano


A Prefeitura do Rio apresentou, na manhã desta segunda-feira (30/11), as metas para a neutralização das emissões de gases de efeito estufa no município até 2065. O desenvolvimento da cidade baseado em uma menor emissão de carbono fará parte do planejamento estratégico para os próximos 50 anos. Realizado no Palácio da Cidade, em Botafogo, o encontro antecipou parte do anúncio que será realizado durante a Conferência Climática das Nações Unidas (COP21), que acontece nesta semana em Paris. Com as metas, a prefeitura pretende fazer do Rio de Janeiro a primeira cidade de um país em desenvolvimento a participar da Carbon Neutral Cities Alliance, que conta hoje com 17 membros dispostos a promover ações a longo prazo para reduzir a emissão de carbono no mundo.

 

 

 

- Estamos falando de uma discussão longa que começou em agosto desse ano, com o Visão Rio 500, e que nos servirá como um motivador para as ações que desejamos implantar, equilibrando o desenvolvimento urbano com as questões ambientais. Além da redução na emissão dos gases, precisamos começar a ver o lixo como ativo econômico e a propor medidas para evitar o desperdício da água, entre outras ações - explicou Rodrigo Rosa, assessor especial do prefeito do Rio e presidente do Grupo C40 de Grandes Cidades para a Liderança Climática, Eduardo Paes.

 

 

No plano estratégico municipal específico para ações climáticas, o principal foco das ações da prefeitura são os deslocamentos urbanos, que em 2012 foram responsáveis por 31% do total de emissões na cidade. Por conta disso, o plano coloca o investimento em transporte de alta capacidade como prioridade, principalmente com uso de combustíveis limpos. Outro foco é a ação continuada de incentivo ao uso da bicicleta, com a expansão de mais 135 km de rede cicloviária até 2020. Também pretende-se ter 80% dos deslocamentos com mobilidade menos poluente até 2050 e 100% em 2065. Ainda na área de mobilidade, o planejamento urbano deve aumentar a densidade de ocupação e favorecer os deslocamentos a pé.

 

 

O plano para a gestão de resíduos, que em 2012 contribuiu com 10% das emissões de gases estufas, é o "Lixo Zero" em 2065. A recomendação é de que, em 50 anos, os investimentos em reciclagem e reuso de materiais, além da redução do descarte, diminuam quase na totalidade o lixo levado aos aterros sanitários. O lixo orgânico também seria aproveitado a partir da ampliação da compostagem desse material orgânico, o aumento da geração de energia com a abertura de novas usinas e o avanço da reciclagem. A otimização da coleta de lixo, com frota mais sustentável e combustível verde, também está entre as metas apresentadas nesta segunda-feira.

 

 

- Chegamos muito além do que tínhamos planejado. Conseguimos gerir os nossos problemas e já transformamos muito esta cidade. Isso só está sendo possível graças à articulação eficiente de todos os órgãos da prefeitura que, ao longo dos anos, têm executado um planejamento estratégico fantástico. Vemos o Centro de Operações e órgãos como a Secretaria de Transportes e a Comlurb desenvolvendo questões de mobilidade e limpeza de olho na redução da emissão dos gases de efeito estufa. Acredito que, a partir das discussões na COP21, possamos desenvolver um trabalho ainda mais frutífero - disse o secretário municipal de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz.

 

A expansão do saneamento básico em toda a cidade até 2035 também está entre as ações a serem implantadas pela prefeitura. Até 2020, o município já deve chegar a 80% das residências com esgoto encanado e abastecimento de água. Esforços para a redução do desperdício de recursos hídricos e limpeza de rios, bacias e lagoas aparecem como estratégia, uma vez que a poluição também contribui para a emissão de gases estufa. Na geração de energia, a proposta é descentralizar a produção, com a instalação de placas solares em edificações, entre ouras ações. Além disso, a indústria deve ser estimulada a investir em economia sustentável e na criação de empregos e negócios sustentáveis.

 

- A questão das mudanças climáticas no Rio de Janeiro conseguiu o mais importante, que foi promover a internalização dos órgãos públicos municipais, tanto de maneira teórica como prática. Isso pode ser visto nas obras de saneamento, mobilidade e de revitalização da Região Portuária, por exemplo. Por isso, o compromisso que estamos assumindo, de zerar a emissão de carbono no Rio, renderá ainda mais frutos. Essa será a nossa contribuição para o mundo. Pela junção de ativos naturais e de ambiente construído, seremos a marca da capital ecológica do planeta - afirmou o presidente do Instituto Pereira Passos (IPP), o economista e ecologista Sérgio Besserman.


Além das reduções, devem ser adotadas medidas compensatórias para a neutralização do carbono, como o reflorestamento. Segundo as metas, todos os cariocas deverão ter uma área verde a, pelo menos, quinze minutos de caminhada a partir das suas casas. Além disso, a Mata Atlântica fora de áreas de preservação será aumentada em 40% até 2010, com garantias de proteção.


Paralelamente ao COP21, serão realizados em Paris diversos eventos sobre o tema, como o C40 Forum. Como presidente do Grupo C40, o prefeito Eduardo Paes apresentará essas e outras ações com o objetivo de engajar as cidades globais a cumprirem metas, além de anunciar a criação de um fundo para projetos de infraestrutura sustentáveis. Em visita à prefeitura da cidade francesa, Paes apresentará a meta do Rio para prefeitos de todo o mundo em seminário voltado para as ações climáticas de cidades globais.


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