Um estudo sobre a evolução das faixas etárias da população carioca que integra o Programa Visão Rio 500 — lançado pela Prefeitura do Rio para discutir e elaborar estratégias de políticas públicas para a cidade nos próximos 50 anos —, indica que, em meio século, os idosos serão 36% dos habitantes da cidade do Rio de Janeiro, contra os atuais 16%. A projeção de pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o Rio terá 2 milhões de pessoas com mais de 60 anos em 2065 — atualmente são 1,1 milhão — e o número de nonagenários deverá chegar a 145 mil. O secretário executivo de Coordenação de Governo, Pedro Paulo, explicou como esses números podem ser usados para pensar o Rio daqui para a frente: 

— A partir dessas projeções é necessário estabelecer um conjunto de protocolos para as pessoas mais velhas. Por exemplo, os bairros precisam ser mais amigáveis com os idosos, ampliando o tempo dos sinais de trânsito, a quantidade de rampas de acesso e as academias de terceira idade. As mudanças demográficas em curso mostram a importância da atenção ao idoso, inclusive oferecendo cursos profissionalizantes para ele se inserir no mercado de trabalho, uma vez que essa população será muito mais ativa.

O estudo explica que as alterações nos índices de longevidade, mortalidade e fecundidade são os elementos que justificam a tendência do aumento de percentual de idosos na cidade. Em Copacabana, por exemplo, dois terços dos habitantes terão mais de 60 anos, enquanto apenas 4,1% serão crianças e adolescentes. Outra indicação é que o número de habitantes reduzirá dos 6,5 milhões atuais para 5,5 milhões. Os pesquisadores projetam que, em 2065, o número de nonagenários terá quintuplicado e o de jovens até 19 anos caído quase pela metade.

Os pesquisadores constataram que o Méier possui o maior número de idosos da cidade — 85,3 por mil habitantes — , seguido de Jacarepaguá (84), Campo Grande (72,1), Botafogo (66,7) e Madureira (64), enquanto Copacabana apresenta o maior percentual da população acima dos 60 anos (33%) em relação ao total da região onde está localizado. Na Zona Oeste, em Jacarepaguá, é onde vivem o maior número crianças e adolescentes — 105,2 por mil habitantes — e a Rocinha o maior percentual (26%) da população de jovens em relação a região onde está localizado, seguido de perto pela Maré (25%) e Complexo do Alemão (24%).

— A concentração de equipamentos públicos, em bom estado de conservação, deve estar perto de onde os idosos e as crianças moram ou costumam passear. É o caso de creches, escolas e praças onde haja condições para a prática de ginástica e outros esportes. Tudo isso implica na melhora da qualidade de vida — observa Kaizô Iwakami Beltrão, da FGV, coordenador da pesquisa ‘Projeção quinquenal da população residente no município do Rio' (295 páginas), encomendada pelo Programa Rio Visão 500.

Outra constatação é que, em 2065, Rocinha ainda terá cerca de 22% de sua população com menos de 15 anos, enquanto a maioria dos bairros terá percentual de idosos maior que Copacabana hoje em dia. Em relação ao percentual de população economicamente ativa, Santa Cruz e Bangu aparecem como os bairros onde haverá uma distribuição relativamente uniforme de faixas etárias e um alto percentual de produção econômica. Em 50 anos, mesmo os lugares com baixo percentual de idosos, em geral de menor renda, como Bangu, Campo Grande, Penha e Madureira terão cerca de 35% de idosos (mais que Copacabana hoje).

Visão Rio 500

O processo de elaboração do Plano Estratégico 2017-2020 é 100% colaborativo e participativo. Além da atuação do Conselho da Cidade e do Conselho da Juventude, outras atividades foram pensadas para envolver os moradores da cidade nas discussões: pesquisas quantitativas e qualitativas, plataforma colaborativa online, carteira de projetos, ciclos de palestras com especialistas em diferentes temas, encontro com servidores municipais, fóruns regionais e concurso de redação para estudantes do 8º e 9º ano das redes pública e particular de ensino.

Por meio do site Visão Rio 500, a população enviou sugestões e projetos para a cidade e votou nas melhores ideias. Após a fase de engajamento, pesquisa, proposição e votação popular, o lançamento do documento será em 1º de março de 2016, quando se encerram as comemorações oficiais pelo aniversário de 450 anos do Rio.

Já as redações dos estudantes serão armazenadas em uma nuvem digital até 2065 e os códigos de acesso enterrados no dia em que o Rio completará 451 anos, na área externa do Museu do Amanhã, na Praça Mauá. A iniciativa ‘Festival de Redação Cápsula do Amanhã' convidou alunos das redes municipal e estadual de ensino a responderem a pergunta ‘E daqui a 50 anos?', em 20 a 40 linhas.