Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro

 

 


 

Com um ambiente acolhedor e familiar, Casa de Parto já realizou mais de 65 nascimentos esse ano

12/05/2017 16:43:00  » Autor: Flávia David / Fotos: Ricardo Cassiano


Em uma gestação, a atenção e o carinho são indispensáveis à mãe e ao bebê, além do respeito e concordância ao desejo da gestante. Com este lema, a Casa de Parto David Capistrano Filho, em Realengo, faz o pré-natal e o parto de grávidas consideradas de baixo risco, com idades entre 14 e 41 anos, que querem parir ativamente, em consonância ao evento fisiológico, sem intervenções médicas, com direito a escuta, manifestações verbais e corporais. A única do Rio de Janeiro, a unidade, vinculada à rede municipal de saúde, já realizou este ano 68 nascimentos. Um deles é o pequeno Lucas, de dois meses, filho da Márcia Ferreira, de 28 anos. Grandinho e cheio de saúde, o menino foi a terceira criança da família a nascer na Casa de Parto.

 

Em estado de graça, a mãe atribuiu seu retorno ao local por conta do carinho com que foi recebida ali desde a primeira vez:

 

- As pessoas que trabalham aqui se esmeram para que as grávidas se sintam bem acolhidas. Sentimo-nos como se essa fosse a nossa segunda casa. Sem falar nas vantagens de um parto humanizado. Além de a recuperação ser mais rápida, as mulheres dão mais valor à maternidade e criam com os seus bebês uma conexão maravilhosa. Sem falar que a criança sai naturalmente, no tempo dela. Na Casa de Parto, aprendemos que, quando um filho nasce, a gente nasce de novo.

 

Para receber e cuidar das futuras mamães, o espaço conta com uma equipe de 20 enfermeiras obstetras, 12 auxiliares de enfermagem, uma assistente social e uma nutricionista. Além das grávidas, as famílias também são incentivadas a participar de todo processo gestacional da futura mãe, desde as consultas de pré-natal ao parto em si. Muitos pais viveram a emoção de amparar o seu bebê assim que nasceu, bem como cortar o cordão umbilical.

 

- Esse espaço é importante para que a gente possa mudar o paradigma do nascimento. O parto ainda é um evento cercado por muito medo. As mulheres são estimuladas a pensar que não vão dar conta de parir um bebê. Porque quando uma mulher consegue dar à luz naturalmente, ela está pronta para qualquer desafio que a vida lhe impuser. Para mudar esse paradigma, é necessário refletir, estudar e repensar - disse a enfermeira e diretora da Casa de Parto, Leila Gomes Ferreira de Azevedo.

 

De segunda a sexta-feira, a casa promove oficinas que abordam temas variados, como as modificações físicas durante a gravidez, o parto e o cuidado que se deve ter com o bebê. Um dos destaques é o "Chá de Parto", oficina mensal de final de gestação destinada a mulheres com mais de 37 semanas. O evento é considerado uma atividade de despedida, na qual as futuras mamães expõem suas inseguranças e angústias diante da aproximação do parto. Para isso, elas são estimuladas a trazer para a oficina um Plano de Parto, no qual elas falam de que maneira gostariam de parir.

 

Com 34 semanas de gestação, Tatiane de Souza da Silva, de 32 anos, mora em Ramos e ficou sabendo da Casa de Parto através de uma amiga enfermeira que sabia ser do seu interesse o parto humanizado. Quando visitou o local e conheceu a proposta, encantou-se e não quis mais sair:

 

- Aqui me sinto uma rainha. Sinto que não somos apenas mais uma paciente, mas a Tatiane, mãe da Mariana. Na rede particular não recebemos essa atenção. Na Casa de Parto, eles visam não apenas o nosso bem-estar, mas especialmente o do bebê. 

 

Inseparável, o futuro papai Rafael Braga Santana Batista, de 31 anos, não vê a hora de conhecer sua filha. Quando sua mulher engravidou, foi ele quem percebeu os primeiros sintomas e a alertou para que fizesse o exame de sangue.

 

- Estarei presente no parto, com certeza. Mas confesso que estou preparando o meu psicológico para segurar a minha filha e cortar o cordão. Ainda não posso garantir que não irei desmaiar - confessou.

 

Assim como Tatiane, a futura mamãe Amanda Cristina Pimenta Jardim, de 25 anos, moradora de Campo Grande, prepara-se para receber o caçula Adam. Também foi na Casa de Parto que nasceu sua primeira filha, Laís, de um ano e meio. Acompanhada da família, ela foi examinada pela enfermeira obstetra e verificou que está tudo bem com a saúde do pequeno, que encantou a irmã com as batidas do seu coraçãozinho.

 

- Como sou técnica de enfermagem, conheci um pouco do funcionamento das maternidades consideradas tradicionais, inclusive em unidades particulares. Quando estive aqui, pela primeira vez, não acreditei que pudesse haver um paraíso como esse, e, principalmente, pelo SUS. Só o fato de os acompanhantes serem tão bem recebidos já me cativou. Minha mãe e meu marido se apaixonaram por esse lugar e me apoiaram a ter meus dois filhos aqui. Meu primeiro parto foi um sonho e tenho absoluta certeza de que o nascimento do meu segundo filho também será especial.

 

Além das futuras mamães, a emoção também toma conta dos corações de quem trabalha no local.  É o caso da enfermeira obstetra Debora Ribeiro, que trabalha na Casa de Parto desde que o espaço foi inaugurado, em 8 de março de 2004. Desde então, a unidade ajudou mais de 2.900 cariocas a chegaram ao mundo. Apenas a enfermeira realizou cerca de 300 partos.

 

- Passei por momentos especiais aqui. Só posso dizer que essa casa é muito especial. Além do acolhimento, a ideia é fazer com que ela seja próxima ao ambiente da casa da gestante. Sei que fazemos a diferença quando uma mulher retorna. E isso se dá porque construímos um vínculo afetivo com essa pessoa - contou Debora.

  

O atendimento é aberto a mulheres de todo o município. Porém, para ter o bebê ali, é preciso que todo o pré-natal seja feito no local para que se certifiquem de que gestação é de baixo risco, o que possibilita a realização do parto humanizado. Caso seja constatado algum risco à mãe ou à criança, a gestante é encaminhada para fazer o restante do pré-natal em outra unidade de saúde. Uma ambulância fica à disposição 24 horas para, em casos de emergência durante o parto, levar a grávida para o Hospital Municipal da Mulher Mariska Ribeiro, em Bangu, a oito minutos do local.

 

A Casa de Parto David Capistrano Filho fica na Avenida Pontalina, s/n. O telefone é 3462-5593.


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