Projeto contemplado no edital FOCA – Fomento à Cultura Carioca 2021, o espetáculo
“Candelária” fará temporada em novembro no Rio de Janeiro. Serão seis apresentações
de sexta a domingo (dias: 4, 5, 6, 11, 12 e 13), a preços populares, no Espaço Cultural
Sérgio Porto, no Humaitá; e quatro sessões gratuitas quartas e quintas-feiras (dias 16,
17, 23 e 24), no Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), na Gamboa.
Com dramaturgia de Karla Muniz Ribeiro e direção de Madson Vilela, “Candelária” é
resultado de uma pesquisa dramatúrgica sobre a Chacina da Candelária, rememorando
também outros genocídios da população preta, pontuando cenicamente como se deu ao
longo dos anos o racismo estrutural no Brasil. É um espetáculo manifesto que propõe
uma discussão a respeito da política de embranquecimento social que perdura até hoje
no país.
A realização é da Vila Musical, do multiartista Rafael Galhardo, e a produção tem
assinatura do coletivo teatral Trupe Investigativa Arroto Cênico, com supervisão da
produtora Burburinho Cultural. No elenco, Jonathan Silva, Karla Muniz Ribeiro, Madson
Vilela e Marlon Souza, artistas negros e periféricos, fundamentam e reverberam a
proposta da montagem, já que no dia a dia de suas comunidades esses artistas vivenciam
o racismo que está enraizado na sociedade brasileira, sofrendo, constantemente, pelo
apagamento de sua arte numa cena carioca formada, na maioria das vezes, por artistas
brancos.
O roteiro do espetáculo faz três recortes cênicos com base em dados históricos: em 1525,
o Brasil recebe o primeiro navio negreiro, com negros africanos desembarcando
forçosamente em terras nacionais, famílias separadas, catequização, nomes trocados e
trabalho não remunerado seguido de torturas; em 1911, o Brasil vai a Londres para
participar do Congresso Universal das Raças e doar terras, dinheiro e passagem a
europeus que quisessem vir morar aqui, com o intuito de embranquecer a população e,
até 2012, extinguir a população preta; e, em 1993, crianças negras são mortas na cidade
do Rio de Janeiro. O que esses três momentos da história do Brasil têm em comum?
Como se explica a naturalização de assassinatos de corpos pretos no Brasil? Esse é o
mote dramático deste projeto.
Durante a encenação, o texto é dito, em sua maior parte de tempo, para a plateia. Esses
olhares e ouvidos que se dispuseram a ouvir essa história. A ideia é que, assim como as
buzinas da cidade grande e os alarmes que nos despertam pela manhã, “Candelária”
seja um alerta para que possamos despertar para as necessidades do outro. E que
nossos olhares possam interferir, positivamente, na dura realidade do outro que nos
cerca.
Endereço: Rua Pedro Ernesto, 80 - Gamboa, Rio de Janeiro - RJ
Datas: dias 16, 17, 23 e 24 de novembro de 2022
Dias e horários: quartas e quintas-feiras, às 19h30
Duração: 60 minutos
Classificação Indicativa: 14 anos
Entrada gratuita