O Grajaú contado por quem passou a infância brincando na rua

12/07/2012 03:48:00


 
Monica De Podestá Carvalho, presidente da 1ª Comissão de Inquérito na SMA


Quando que no século XVI, época que o Grajaú ficava numa região conhecida por Andaraí Grande, os padres jesuítas, que ganharam sesmarias para o cultivo da cana-de-açúcar, iam imaginar que a Mônica, no século XX, estaria brincando no mesmo lugar, num bairro urbanizado e tranquilo de ruas cheias de casas?

 
Na zona norte da cidade, o Grajaú é vizinho da Tijuca, Vila Isabel, Andaraí, Alto da Boa Vista, Engenho Novo, Lins de Vasconcelos, além de fazer limite, através da Serra da Carioca, com o bairro de Jacarepaguá


De lá pra cá, muita coisa mudou no Grajaú, que surgiu oficialmente em 1912, projetado e construido pelo engenheiro Antônio Eugênio Richard Júnior, sobre o Vale dos Elefantes, no sopé do Maciço da Tijuca, próximo ao Pico do Papagaio.

As antigas fazendas de café no bairro foram incorporadas à malha urbana da cidade na forma de loteamentos, córregos e cursos d´água foram canalizados, bondes elétricos surgiram e desapareceram, igrejas, escolas e clube foram construidos, os edifícios modificaram a paisagem na segunda metade do século XX, os morros se favelizaram.

Mas verdade seja dita. O bairro continua extremamente arborizado e ainda bastante residencial. E a Mônica, que nasceu e viveu até 26 anos por lá, mas hoje mora no Rio Comprido, guarda as lembranças de um período muito feliz. "Foi uma época muito boa na minha vida. Andava de bicicleta pelo bairro todo. Eu e minhas amigas brincávamos nas ruas Santa Isabel, onde eu morava, e ainda me soltava com a maior liberdade pela Júlio Furtado, Canavieiras, praça Edmundo Rego. O bairro era super residencial e tranquilo", lembra Mônica.

Sem falar, nas longas caminhadas que fez, ainda mocinha, pelo Vale do Elefante em direção o Pico da Bandeira. Uma imensa área verde que foi preservada como Reserva Florestal do Grajaú, para depois se tornar oficialmente Parque Estadual do Grajaú, que até hoje abriga a cascata Véu de Noiva e a cachoeira Mãe D´Água.

Um verdadeiro pulmão dentro da zona norte, onde há pouco tempo foi reaberto o caminho Grajaú-Alto da Boa Vista para os trilheiros que passam pelo pico do Perdido do Andaraí, pico da Caledônia e até por ruínas antigas de fazendas de café. Atualmente o parque é referência de cursos de alpinismo e práticas de slackline (esporte que exercita os aficcionados sobre cordas presas em troncos de árvores).

Apesar de sair do Grajaú só quando casou, Mônica estudava na Tijuca – Colégio da Cia. De Santa Tereza de Jesus – antiga escola do pai. E ainda frequentava o antigo Jardim Zoológico, em Vila Isabel, onde pegava girinos do lago.

Hoje, Mônica, com 21 anos de prefeitura, continua trabalhando como advogada, sempre na mesma área. Para ela, que ainda cultiva amizades do Grajaú, desde criança, o bairro ainda é agradável de se morar, mas falta metrô. O transporte popular continua sendo o ônibus, que vem de Jacarépaguá. As mesmas linhas, que ainda na época de colégio costumava pegar. Bons tempos de Grajaú.