Suporte aos usuários de drogas

08/09/2015 03:00:00


 

"O apoio das pessoas próximas é inestimável", diz Hugo Fagundes 


Se drogas é sempre um assunto delicado, imagine atuar diretamente nesta área? Pensando nisto, fomos conversar com o Superintendente de Saúde Mental da SMS, Hugo Fagundes, e entender como proceder nestes casos. Hugo começou a atuar na Secretaria Municipal de Saúde em 1993, quando foi cedido pela Prefeitura de Niterói. Só em 1999 tornou-se servidor do quadro da SMS. Ele conta que a melhor forma de proceder com uma pessoa que esteja vivendo o problema é manter uma atitude compreensiva, direta e aberta.

 

"É necessário ser muito franco e honesto, mas sempre devemos colocar em suspenso os nossos julgamentos morais. Para ajudar alguém com problemas relacionados com o uso de drogas, não é necessário que essa pessoa tenha que se manter em abstinência. Pode ser que ela não consiga sustentar a abstinência. Mesmo assim, não devemos desistir. Precisamos ter claro que qualquer vida vale a pena, mesmo numa trajetória cheia de acidentes. O apoio das pessoas próximas é inestimável e ele não deve se traduzir numa condenação ao modo de agir do outro", diz Hugo, que é psiquiatra de formação e desde a Faculdade de Medicina da UFF se depara com pessoas com problemas decorrentes do uso de drogas.

 

A experiência de Hugo ainda se traduz em uma mensagem de apoio aos servidores que possam se deparar com o tema drogas entre os amigos ou familiares. "Qualquer vida vale a pena. É importante pensar que o uso de drogas não é sinônimo de bandidagem. Ao longo da História, o homem sempre utilizou de substâncias para mudar sua forma de percepção e de como lidar com a vida. Como diz o poeta: "cada um sabe a dor e a delícia de ser como é". O uso de drogas pode ser entendido como uma tentativa do sujeito de lidar com a dor de sua existência. Viver não é fácil, exige de nós muita profundidade para lidar com nossos sentimentos. Para alguns, a droga tem uma função, como a de um "remédio" para diminuir a dor. Não nos cabe julgar os outros, e sim ajudá-los a seguir seu próprio caminho".

 

Antes de finalizar, Hugo aproveita para destacar dois momentos marcantes da sua trajetória na prefeitura em prol da saúde da cidade. "Quero destacar dois momentos de muita alegria. Um deles foi a implantação do primeiro Centro de Atenção Psicossocial, o CAPS Rubens Corrêa em Irajá, uma nova modalidade de serviço na rede pública municipal e o reconhecimento de que a vulnerabilidade das pessoas com transtornos mentais deve ser objeto de uma política pública cuidadosa e de qualidade. E o segundo momento, que não é segundo em importância, mas apenas porque aconteceu anos depois, foi a implantação da Clínica da Família Felippe Cardoso, na Penha, fruto de um esforço de todos para garantir uma Atenção Primária de Saúde de qualidade aos moradores do Complexo da Penha e da Vila Cruzeiro, justamente no momento da ocupação militar da região. A importância desse equipamento para a população da região foi decisiva para mudar o quadro sanitário da região que segue sendo um desafio para a nossa Cidade. Há muito o que construir, mas a Clínica da Família Felippe Cardoso tem um papel muito importante para o morador de Leopoldina", conclui.