Um mestre mais do que especial

28/02/2016 12:55:00


 

 

Marcio Maciel da Silva, professor da Oficina de Informática Educativa para alunos com Deficiência Visual no Instituto Municipal Helena Antipoff
 

Para esse professor, que começou dando aulas de ensino fundamental no município em 2001, no CIEP Yuri Gagarin, da 4ª CRE, ingressar sete anos depois no Instituto Helena Antipoff, a convite da sua direção, foi motivo de prazer e orgulho. Antes de ser professor, Marcio Maciel também foi aluno da rede. E mais: também deficiente visual, já que desde 7 anos apresentou a doença chamada Retinose Pigmentar. A baixa visão o levou, segundo ele, a vivenciar as dificuldades que um aluno nessas condições tinha para estudar. Na época, relata Marcio, só contava como auxílio na escola de uma sala de recursos para o reforço escolar. "Sabia que voltando como professor dessa mesma rede poderia fazer a diferença, e ajudar na implementação da educação inclusiva em nossas escolas".

 

Foi então que Marcio, ao voltar à rede do município como professor, teve a oportunidade de utilizar o Programa do Sistema Dosvoz, elaborado há mais de 20 anos por professores da UFRJ, que o MEC disponibilizou para todos terem acesso. "No ensino fundamental passei a usar o programa com os alunos em oficinas de informática e também explicava aos professores como deviam lidar com eles."

 

Foi aí, que a diretora da escola onde lecionava indicou Marcio para realizar também esse trabalho especial no Helena Antipoff. E assim surgiu o Instituto em sua carreira como servidor. O que enriqueceu a sua vida e a de outras pessoas. "Fui convidado pela direção do IHA para atuar diretamente na Reestruturação da Oficina de Informática Educativa / Deficiência Visual, e com o atendimento aos alunos cegos e com baixa visão. E mais: na capacitação e suporte aos professores do município, pois entendíamos que era necessário ampliar toda rede para um melhor desenvolvimento."

 

Hoje, Marcio passa três dias nas oficinas de informática atendendo de dois a três alunos por vez, entre 9 e 20 anos, e dois dias capacitando professores em diversas escolas da rede ao dar suporte no programa. Sempre disponível para ir onde seu público estiver.

 


"A tecnologia é um benefício para o aluno e para o professor,
que precisamos buscar a nosso favor".
Marcio Maciel


 

Segundo Marcio Maciel, o Programa do Sistema Dosvoz coloca o computador acessível para o deficiente utilizar todas as ferramentas. Como por exemplo, o aluno cego, que hoje pode fazer prova pelo computador, com texto falado eletronicamente, enquanto utiliza o mesmo teclado como qualquer digitador que aprendeu para isso. Da mesma forma, os alunos podem ler os cadernos pedagógicos e fazer pesquisas pela internet. "É uma pena que os scanners com leitura eletrônica e as impressoras em braile importados sejam caríssimos", acrescenta.

 

 


"Meu maior retorno é poder proporcionar os benefícios da informática
na inclusão digital dos alunos com deficiência visual".
Marcio Maciel


 

 

Aluno de Marcio Maciel utilizando o programa que funciona como
uma espécie de leitor de texto, que possibilita à pessoa
sem visão ouvir todo o conteúdo exibido.

 

Para o professor, o carinho dos alunos e o agradecimento dos pais, ao verem a mudança na autonomia e na autoestima de seus filhos, é muito gratificante, o que o deixa com a sensação de dever cumprido. O que não quer dizer que o seu maior desafio continue sendo abranger todas as escolas do município com o seu trabalho. E assim, seguir conscientizando tanto alunos quanto professores em relação à capacidade dos alunos deficientes. Um mestre pra lá de especial assim, vale a pena conhecer.

 

Mandou Bem

 

1. Que lugar da cidade é mais especial para você? Por quê?
O Rio de Janeiro é detentor de muitos lugares especiais. Quem tem o privilégio de morar aqui, certamente teria dúvida na escolha de um lugar em especial. Mas acredito que os que garantem cultura, conhecimento e lazer e principalmente os de acesso fácil à população são os melhores. Como bom carioca, sou amante das praias.

 

2. Das mudanças que estão acontecendo no Rio, o que você acha que ficará de melhor?
Acredito que depois das obras prontas, o trânsito, porque será o que mais irá beneficiar a população.

 

3. O que você tem de melhor para dar para a sua cidade?
Meu conhecimento na área da educação inclusiva.

 

4. Se você não atuasse na sua área, em que outra função gostaria de trabalhar na prefeitura? Por quê?
Tenho afinidade na parte de Assistência Social, porque envolve práticas diretas no desenvolvimento humano.

 

5. Qual é a mania mais comum do carioca com a qual você se identifica?
Praia. Carioca gosta de sol e mar.

 

6. Qual é o seu petisco favorito?
Churrasco, de preferência mal passado.

 

7. A Rio 2016 está chegando. Com qual modalidade esportiva você mais de identifica? Pratica ou já praticou alguma?
Aprecio o esporte, mas a paixão nacional é o futebol. Prefiro assistir.

 

8. Qual é o lugar ideal do Rio para se praticar esportes?
Infelizmente não são todos os bairros que oferecem locais para a prática esportiva. Quando há interesse, sempre precisa haver o deslocamento para grandes parques e locais que tenham espaço. Acredito que o Aterro do Flamengo ainda seja um dos melhores.

 

9. O que você entende por espírito olímpico?
O espírito olímpico é a paixão que existe em cada ser humano mostrando a tradição da briga por vitórias de maneira sadia, da competição ao pódio, a emoção que gera um sentimento de prazer em superar limites e obstáculos.

 

10. Desde que você entrou na prefeitura, qual realização te deu mais orgulho como funcionário/servidor?
Ter o reconhecimento da Secretaria de Educação e do Instituto Helena Antipóff pelo meu trabalho.