Apresentação Vamos Conversar? Trocando Ideias Poesia Conto Práticas de Ensino  

 

 

 

Este número da REVISTA CARIOCA traz novidades. Novidades editoriais e de orientação.

 

Contamos com o auxílio luxuoso de um texto do Professor Robert Slavin, psicólogo, atuando como diretor do Center for Research and Reform in Education da Faculdade de Educação da Universidade Johns Hopkins e criador da organização Success for All. Sou seu admirador de longa data, pela maneira clara como trata de temas candentes no mundo da educação, pela capacidade de identificá-los, sempre preocupado com o binômio que se nos impõe (qualidade e equidade), ou ainda pelo rigor extremo com que constrói seus argumentos e investigações científicas. Não temo afirmar que Slavin se encontra entre os melhores pesquisadores em educação, no mundo. Integra um grupo seleto de grandes cientistas que defende e demonstra a superioridade de políticas educacionais que se ancorem em evidências científicas. Avanços impressionantes na pesquisa educacional, relativamente recentes, impulsionaram esta corrente que não hesita em confrontar crenças e políticas muitas vezes já bem longevas, que não resistem à lógica e ao rigor da investigação bem elaborada. Sua cruzada pela adoção de políticas educacionais com base em evidências, junto com vários outros grandes nomes, mudou a embocadura das discussões educacionais, no mundo. Ninguém estranha a afirmativa de que políticas de saúde, por exemplo, devem ser tomadas sempre com base no melhor da pesquisa científica na área. Com efeito, de maneira geral, é isso que ocorre. Infelizmente, na educação ainda há muita resistência, aberta ou velada, a tal tendência irreversível.

 

 

 

Marcio da Costa
Diretor da Escola de Formação Paulo Freire


Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e doutor em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ). É professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e cedido à Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro.

 

 

 


 

 
  "Não temo afirmar que Slavin se encontra entre os melhores pesquisadores em educação do mundo"      
 

 

Fiquei radiante quando rapidamente recebi resposta a minha solicitação: não apenas o texto presente neste número da Revista, mas os demais veiculados por Slavin em seu vigoroso blog estão plenamente liberados para que os publiquemos em português, em nossa Revista. Vai ser difícil escolher apenas um para cada edição. Porém, nossa ambição vai além. Pretendemos traduzir regularmente os artigos publicados em seu blog e veiculá-los em nosso sítio eletrônico da Escola de Formação Paulo Freire, quando contarem com temáticas de maior interesse para nosso contexto brasileiro e carioca. O deste número, inaugural, trata de educação na China. Assunto curioso, dado o destaque obtido pelos feitos educacionais do Extremo Oriente. Foi escolhido por seu caráter internacional, mas também por explicitar a preocupação com as evidências que iluminem as discussões – e as decisões.


Por falar em evidências científicas relativas à educação, a entrevista feita por Sandra Machado, com a Professora Maria Regina Maluf, é especialmente valiosa e instigante. Recentemente agraciada com o 2018 Iaap Distinguished Professional Contributions Award, prêmio conferido pela Associação Internacional de Psicologia Aplicada (Iaap), a professora da PUC-SP concedeu entrevista que trata de temas absolutamente necessários a nossa busca por ultrapassar o quadro preocupante da alfabetização, no Brasil. Nada melhor que saber o que os avanços nas neurociências – e na avaliação educacional – vêm proporcionando no enfrentamento das óbvias dificuldades neste campo. Maria Regina foi entrevistada por sua participação em uma iniciativa de grande destaque nos novos ventos que podem influenciar a educação brasileira: a Rede Nacional Ciência para a Educação, uma associação voluntária de importantes pesquisadores, das mais diversas áreas, decididos a potencializar suas contribuições a nossa combalida educação. A entrevista merece provocar reflexões e discussões entre todos nós que trabalhamos com a educação carioca. Vai direto a pontos que podem contribuir para inflexões em algumas de nossas práticas educativas. Outro projeto, bastante ambicioso, vem sendo construído com esta Rede, em parceria com a Escola de Formação Paulo Freire e a MultiRio: um curso de ciências da cognição para educadores, de grande densidade e qualidade. Muito breve, esperamos poder colocá-lo no ar.


Dois projetos de grande impacto e alcance enriquecem, ainda, esta edição.


O Orquestra nas Escolas, programa que tem na sinfônica de nossos estudantes sua iniciativa mais visível e que já ganha destaque na cena cultural carioca, é apresentado com maior cuidado por sua condutora e por seu principal regente. Como se poderá ler na entrevista, o encanto e a alegria provocados por uma exibição da Orquestra são a ponta de um grande iceberg que vem movimentando a educação carioca, mudando vidas e perspectivas. As belas "falas" de Moana e Anderson nos enchem de orgulho e admiração. De bônus, ainda aprendemos um pouquinho de teoria musical.

 

 

 

 

 

 

 

"O encanto e a alegria provocados por uma exibição da Orquestra são a ponta de um grande iceberg que vem movimentando a educação carioca, mudando vidas e perspectivas. "

 

 

 

 

Em mais uma entrevista, Fátima Bispo, professora de Educação Física da Rede Municipal, de educação física, desfila seu conhecimento acadêmico dedicado a também enfrentar desafios na educação de estudantes, principalmente aqueles em condições de grande adversidade. Foi assim que ela inventou o Heróis do Tabuleiro, projeto que impulsiona a prática do xadrez entre nosso estudantado e que, ainda que menos visível que a Orquestra, não provoca deslumbramento menor. Centenas de estudantes, muito jovens, jogando simultaneamente em uma grande quadra, completamente focados, permitindo ouvir o som do voo de uma mosca, devem estar ganhando muitas coisas além de aprender a jogar xadrez.


A poesia da Nathália ilumina a edição. Lindeza e profundidade escrita por uma adolescente. Até ano passado estava em nossa Rede.


Por fim, mas não menos importante, dois docentes de nossa Rede, Luciana e Thiago, descrevem uma experiência sobremodo interessante no uso da robótica como ferramenta educativa. Difícil imaginar um futuro na educação que prescinda do diálogo com experiências como esta. Certamente, são recursos ainda distantes para quase toda a rede, mas estamos aqui também para tratar do futuro.


Espero que curtam a Revista e que não se acanhem em enviar suas críticas, sugestões, contribuições e comentários.