Rio de Janeiro - Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural Urbana

Fundada em 1565 por Estácio de Sá, a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro possui mais de quatrocentos anos de história, tendo ao centro a relação entre homem e a natureza. Nessa narrativa histórica, no que se referem às paisagens cariocas, os binômios destruição / preservação, e, criação / alteração, estiveram sempre presentes.

 

A consonância entre a paisagem natural da cidade e as intervenções idealizadas pelo homem, incluindo a forma como esses espaços são utilizados e ressignificados pelos mesmos, tornam o Rio de Janeiro um espaço singular tanto na esfera nacional como internacional.  

 

A partir de 1992, o conceito de paisagem cultural foi incorporado pela UNESCO como uma nova tipologia de reconhecimento dos bens culturais. Porém, os sítios vinculados a esta categoria estavam relacionados a áreas rurais, sistemas agrícolas tradicionais, jardins históricos, entre outros. Foi inserida nesse contexto, que a Cidade do Rio de Janeiro passou a ser reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade por sua paisagem cultural. A excepcionalidade da Cidade Maravilhosa está no fato de ter sido a primeira área urbana do mundo a receber esse título.

 

A candidatura do bem "Rio de Janeiro: Paisagens Cariocas entre a Montanha e o Mar" foi apresentada em 2009 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), sendo aprovada em 1º de Julho de 2012 em Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, realizada em São Petersburgo – Rússia.

 

A Paisagem Cultural da Cidade do Rio de Janeiro é integrada por quatro componentes localizados desde a Zona Sul do Rio de Janeiro até a porção oeste da cidade de Niterói. São eles:

 

- Setores Floresta da Tijuca, Pretos Forros e Covanca do Parque Nacional da Tijuca;

- Setor Pedra Bonita e Pedra da Gávea do Parque Nacional da Tijuca;

- Setor Serra da Carioca do Parque Nacional da Tijuca e Jardim Botânico do Rio de Janeiro; e

- Entrada da Baía de Guanabara e suas bordas d'água desenhadas: Passeio Público, Parque do Flamengo, Fortes Históricos de Niterói e Rio de Janeiro, Pão de Açúcar e Praia de Copacabana.

Os atributos que conferem à Paisagem Cultural da Cidade do Rio de Janeiro, seu valor universal, foram baseadas nos critérios I, II e VI estabelecidos nas Diretrizes Operacionais para Aplicação da Convenção do Patrimônio Mundial. Sendo eles:

 

I ) Representar uma obra-prima de um gênio criativo humano – As sucessivas intervenções na paisagem, encabeçadas por profissionais com altíssima qualificação e criatividade, tornaram a Cidade do Rio de Janeiro internacionalmente conhecida por seu patrimônio paisagístico. O mestre e escultor Valentim da Fonseca, o botânico francês Auguste Glaziou, o arquiteto Affonso Eduardo Reidy e o paisagista Roberto Burle Marx, são alguns dos gênios que marcaram a paisagem carioca. O Passeio Público, o Jardim Botânico, o Parque do Flamengo e a Praia de Copacabana, são, respectivamente, resultado de seus trabalhos.

 

II ) Ser testemunho de um intercâmbio de influência considerável, durante um dado período ou numa determinada área cultural, sobre o desenvolvimento da arquitetura ou da tecnologia, das artes monumentais, do planejamento urbano ou da criação de paisagens – A Cidade do Rio de Janeiro é marcada pela complexidade de sua paisagem cultural, produzida a partir de trocas culturais associadas a um sítio natural excepcional. A apropriação da natureza por parte dos colonizadores portugueses, inicialmente, esteve vinculado somente aos interesses econômicos, formando por um longo período a paisagem da cidade. Na segunda metade do século XIX, desastres ambientais motivados, principalmente, pela cafeicultura, suscitaram discussões sobre a preservação das áreas de mata da cidade, tendo como consequência o reflorestamento de áreas destinadas a agricultura, que posteriormente convergiram para criação do Parque Nacional da Tijuca. No século XX, o conhecimento adquirido a respeito da flora nativa brasileira passa a ser utilizada e disseminada pelos trabalhos do paisagista Roberto Burle Marx.

 

VI ) Estar direta ou materialmente associado a acontecimentos ou tradições vivas, ideias, crenças ou obras artísticas e literárias de significado universal excepcional – Desde a fundação da Cidade do Rio de Janeiro em 1565, sua paisagem tem inspirado inúmeras manifestações que retratam e exultam suas peculiaridades. Dentre as obras excepcionais que exprimem a observação e vivência da cidade, estão, os relatos dos viajantes, a música, a literatura, o cinema e a fotografia, os quais oferecem múltiplas visões sobre a cidade. Do ponto de vista das tradições vivas destacam-se manifestações culturais, como, o carnaval de rua, o samba, a bossa nova, o futebol e as tradicionais festas religiosas, que projetam facetas singulares da Cidade do Rio de Janeiro no mundo.          

 

A inscrição do Rio de Janeiro na categoria de Paisagem Cultural, chancelada pela UNESCO, é um passo importante para consolidar as ações de proteção e preservação de uma interação entre os aspectos culturais e  naturais, em uma metrópole cosmopolita.

 

Clique aqui para visualizar o mapa com os limites dos sítios declarados patrimônio mundial na categoria paisagem cultural urbana e da sua zona de amortecimento.

 

Fonte:


 
Prefeitura do Rio de Janeiro. RIO Patrimônio Cultural. Revista do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro. Julho de 2012. Ano II-n1
 
Prefeitura do Rio de Janeiro. RIO Patrimônio Cultural. Revista do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro. Dezembro 2012. Ano II-n2
 
Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural -IPHAN. Rio de Janeiro Paisagens Cariocas entre a Montanha e o Mar
 
Paisagens Cariocas entre a Montanha e o Mar. Dossiê Patrimônio Mundial-Rio de Janeiro.


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