Com uma história de vida dedicada à Educação, o Professor Moacir Gadotti, uma referência na área, é o convidado da Revista Carioca de Educação Pública. Na entrevista, destaca uma das principais lições que aprendeu com Paulo Freire: "a boniteza de ser gente, a boniteza de ser professor". E, como um chamado, nos convoca à coragem, ao amor e à ousadia de educar, impregnando de sentido a vida.

Nessa oportunidade, enfatiza sua admiração pelo educador, compartilha momentos de convivência e cita o trabalho realizado na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo como chefe de gabinete, na gestão Paulo Freire.

 

É um grande prazer tê-lo aqui conosco! Conheça mais sobre essa conversa!

 

 

RECEP- Prof. Gadotti, diante de um homem tão estudioso da natureza humana e capaz de estabelecer relações tão complexas como fez Paulo Freire, o que mais lhe causou admiração na convivência com o educador? Como surgiu a amizade entre vocês?

 

 

Moacir Gadotti — Conheci Paulo Freire pessoalmente em 1974, quando eu estava fazendo meu doutorado em Ciências da Educação na Universidade de Genebra. Desde então, convivi com ele durante 23 anos. Foram muitos os encontros no Conselho Mundial de Igrejas, onde ele trabalhava. O que me chamou muito a atenção, desde os primeiros contatos com ele, foi sua capacidade de escutar. Ele não chegava dando recados, com propostas prontas e acabadas. Era muito curioso. Primeiro perguntava. Tinha um enorme cuidado com as palavras que ouvia. Todos os que o conheceram de perto lembram Paulo Freire como uma pessoa cordial, generosa, muito respeitosa. A partir da minha convivência com ele, posso dizer que, como pessoa, Paulo Freire era quase uma unanimidade. Já, como pensador, ele não podia agradar a todos, mesmo sendo pluralista, pois sabia dialogar com quem não tinha o mesmo ponto de vista que ele. Paulo Freire era uma pessoa alegre, bem-humorada, agregadora, inclusiva, sempre aberta ao diálogo. O que presenciei na minha convivência com ele, particularmente, na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, foi um clima de trabalho extremamente convivial, de muita camaradagem, de muito companheirismo. Todos se sentiam muito próximos dele e felizes de trabalhar com ele. Este é o Paulo que conheci. Além de grande amigo foi, para mim, uma verdadeira universidade. Aprendi muito com ele.

 

 

RECEP - Você poderia dar um exemplo?

 

 

Moacir Gadotti — Sem dúvida. Lembro da minha convivência com ele como chefe de gabinete, em 1989, quando assumimos a Secretaria de Educação. Começamos a gestão visitando escolas. Paulo Freire sentava, ouvia pacientemente, perguntava, era perguntado. Ele não economizava tempo e não tinha pressa de interromper encontros e reuniões quando se tratava da escuta dos que faziam a educação com ele. Dizia que tínhamos que ser impacientemente pacientes. Por vezes, eu ficava meio impaciente porque não me saía da cabeça a fila de pessoas me esperando no gabinete com uma lista de urgências. Na minha compreensão, era crucial resolver as condições precárias dos prédios das escolas. Ao sair da reunião, Paulo me dizia: Gadotti, como podemos ser impacientes, depois de tantos anos de cultura do silêncio? Temos o dever de ouvir, eles têm o direito de falar e de se indignar. Eu dizia: Paulo, veja quantas demandas eles fizeram. Está faltando giz, livros, cadernos, bibliotecas, computadores. Estão faltando carteiras e cadeiras para as crianças sentarem. Tem goteiras nas salas de aula. Eu tinha vontade de sair correndo da reunião, para voltar ao gabinete e começar a articular os trâmites para atender às demandas apresentadas. Sim, disse ele, equipar todas as escolas é fundamental e vamos trabalhar para isso. E acrescentou: se os problemas da Secretaria fossem só de infraestrutura, seria fácil resolver. Há um desafio ainda maior, Gadotti: são quinhentos anos de autoritarismo, são quase quatro séculos de escravidão. Precisamos trabalhar as relações sociais e humanas para que sejam mais dialógicas, mais horizontais, menos verticalizadas. Tão importante quanto a infraestrutura dos prédios é a nossa capacidade de construir decisões coletivas, é criar condições para uma cultura democrática e solidária.

 

 

 

 

Moacir Gadotti é livre docente na Unicamp (1986) e doutor em Ciências da Educação na Universidade de Genebra (Suiça, 1977). Mestre em Filosofia da Educação na PUC-SP (1973). Licenciado em Pedagogia (1967) e em Filosofia (1971). Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP). Foi professor de História e Filosofia da Educação em cursos de graduação e pós-graduação em Educação e Filosofia de diversas instituições, entre elas a PUC-SP, a UNICAMP e a PUC-Campinas. Foi assessor técnico da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo (1983-1984) e chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de São Paulo (1989-1990), na gestão de Paulo Freire. Possui muitas publicações em que desenvolve uma proposta educacional, cujos eixos são a formação crítica do educador e a construção da Escola Cidadã, numa perspectiva dialética integradora da educação e orientada pelo paradigma da planetariedade. Atualmente é presidente de Honra do Instituto.

 

 

 

 

 


 

 
  "Paulo Freire sentava, ouvia pacientemente, perguntava, era perguntado. Ele não economizava tempo e não tinha pressa de interromper encontros e reuniões quando se tratava da escuta dos que faziam a educação com ele"      

 

 

 

RECEP- Sabemos que o pensamento de Paulo Freire foi influenciado por diversos referenciais teóricos. Quais as principais influências em sua obra? O que há de singular no educador?

 

 

Moacir Gadotti —Paulo Freire já foi comparado com muitos educadores e sua pedagogia foi entendida de diversas maneiras. Ele não só influenciou muitos pensadores como também foi influenciado por outros. Ele sofreu influências diversas: seu pensamento humanista inspirou‐se no personalismo cristão, bem como no existencialismo, na fenomenologia e no marxismo. Embora não se possa falar com muita propriedade de fases do pensamento freiriano, pode-se dizer que a influência do marxismo deu-se depois da influência humanista cristã. Ele combina temas cristãos e marxistas na sua pedagogia dialético-dialógica. Trata-se de um pensador da cultura, um dialético, um filósofo da educação. A educação é uma prática antropológica por natureza, portanto ético-política. Por essa razão, pode tornar-se uma prática libertadora. O que há de original em Freire, com relação ao marxismo ortodoxo, é que ele afirma a subjetividade como condição da transformação social. Daí o papel da educação como conscientização.

 

 

RECEP- A partir da bem-sucedida alfabetização de adultos, em Angicos (1963), Freire experimentou uma nova maneira de tratar os conhecimentos e o contexto social dos estudantes. A percepção aguçada do educador para a diversidade humana estreitou a relação entre educação e cultura, substituindo a ideia de "aula" pela criação dos Círculos de Cultura. Quais as contribuições dessa concepção para a Educação atual?

 

 

Moacir Gadotti — A pedagogia de Paulo Freire adquiriu um significado universal, uma vez que a relação oprimido-opressor, que ele abordou, ocorre universalmente e suas teorias se enriqueceram com as mais variadas experiências e práticas em diversas partes do mundo. Sua obra teórica tem servido como fundamento de trabalhos acadêmicos e inspirado práticas em diversas partes do mundo, passando pelas mais consagradas instituições educacionais do Brasil e de outros países. Tal influência abrange as mais diversas áreas do saber: a pedagogia, filosofia, teologia, antropologia, serviço social, ecologia, medicina, psicoterapia, psicologia, museologia, história, jornalismo, artes plásticas, teatro, música, educação física, sociologia, pesquisa participante, metodologia do ensino de ciências e letras, filologia, ciência política, currículo escolar e, é claro, na educação em direitos humanos. Assim, não podemos ver Freire apenas como um educador de adultos ou como um acadêmico, ou reduzir sua obra a uma técnica ou metodologia. As intuições originais de Paulo Freire marcaram a educação contemporânea. Entre elas, poderíamos destacar: a reflexão crítica sobre a prática como base para a construção do conhecimento; o reconhecimento da legitimidade do saber popular; um método de conhecimento e de pesquisa que parte da leitura do mundo; uma teoria do conhecimento fundamentada numa antropologia; enfim, uma ciência aberta às necessidades populares. Essas e outras contribuições de Paulo Freire à compreensão do ato educativo são hoje reconhecidas mundo afora e continuam muito atuais.

 

 

 

 

 

 

 

"Sua obra teórica tem servido como fundamento de trabalhos acadêmicos e inspirado práticas em diversas partes do mundo, passando pelas mais consagradas instituições educacionais do Brasil e de outros países"

 

 

 

 

 

RECEP- Impedido pela ditadura (1964) de ampliar o seu trabalho de alfabetização para todo o Brasil, Freire foi exilado e tornou-se um "andarilho" em países da América do Sul, América do Norte, Europa e África. Em suas andanças, foi disseminando a sua prática, mas sempre com o perspicaz cuidado de não repeti-la, pois sabia que as pessoas, suas vivências e seus territórios/contextos sociais eram fatores fundamentais para o êxito de sua tarefa. Quais as pistas que Freire nos deixa com essa atitude? Qual a relevância desse conhecimento para os educadores/educadoras?

 

 

Moacir Gadotti — Sim, Paulo Freire foi chamado de andarilho da utopia. Foram muitas as suas andarilhagens, onde ensinou muitas coisas e aprendeu muitas coisas. O que ele deixou para nós, educadores? O que posso dizer sobre isso vem não só da minha convivência com ele, mas, igualmente, do estudo de sua obra, que, costumo dizer, é autobiográfica.

 

 

Com ele aprendi muitas lições. A principal foi a de mostrar a boniteza de ser gente, a boniteza de ser professor. A beleza existe em todo lugar. Depende do nosso olhar, da nossa sensibilidade, depende da nossa consciência, do nosso trabalho e do nosso cuidado. A beleza existe porque o ser humano é capaz de sonhar, porque é capaz de pensar e de sentir, porque é capaz de indagar sobre si mesmo, sobre "seu estar sendo no mundo", e se reelaborar como ser humano, num processo de busca de "ser mais" permanentemente. Como educadores (as), somos essencialmente profissionais do sentido. Sentir e sentido vem da mesma raiz. Educamos quando ensinamos com sentido. Educar é impregnar de sentido a vida. A profissão docente está centrada na vida, no bem viver. Muitas crianças e jovens chegam hoje à escola, muitas vezes, sem saber por que estão ali. Não veem sentido no que estão aprendendo. Querem saber, mas não há espaço na escola para as palavras do mundo vivido. E aí entra o papel do educador comprometido com a transformação social: dar visibilidade ao mundo vivido, construir sentido, vislumbrar, com eles, inéditos viáveis. Essa me parece uma lição essencial, para nós educadores, educadoras, a ser tirada da vida e da obra de Paulo Freire.

 

 

 

 

 

 

 

"Paulo Freire foi chamado de andarilho da utopia. Foram muitas as suas andarilhagens, onde ensinou muitas coisas e aprendeu muitas coisas"

 

 

 

 

 

RECEP- Paulo Freire foi perseguido por suas ideias, dentre elas, a de defender o direito à palavra e por revelar que a imposição da cultura do silêncio se configura em prática de dominação. Quais entendimentos são necessários para a construção da prática libertadora capaz de se constituir em um diferencial para a vida dos estudantes?

 

 

Moacir Gadotti— Essa é uma pergunta que me faço com frequência como professor. Como seria uma prática docente inspirada em Paulo Freire e quais seriam as exigências e as características dessa prática, que podem fazer diferença para meus alunos. Eu diria que essas são, também, perguntas que aparecem com frequência nos debates sobre o tema da formação do educador, da educadora, da formação docente. E como a prática docente de Paulo Freire sempre foi coerente com a sua visão da educação, entre as exigências dessa prática docente não deveria faltar uma perspectiva crítica, a visão transformadora da educação, a construção coletiva e dialógica do conhecimento. Foram muitos os momentos em que tive o privilégio de testemunhar essa coerência, tanto na USP, quando o convidava para falar em alguma de minhas aulas, quanto na Unicamp e na PUC-SP. Paulo Freire, seja como teórico da educação, seja como professor ou gestor público, por meio da sua práxis nos convida a reinventar o mundo e a educação. Ele desenha a profissão docente como uma profissão particular, que se distingue, entre tantas, porque exige o envolvimento do sujeito. Sua capacidade profissional depende muito desse envolvimento. A história de vida de muitos educadores demonstra essa caraterística profissional do docente. A docência precisa fazer sentido para o docente. Costumo dizer, por isso mesmo, que o professor, como profissional do humano, é um profissional do sentido.

 

 

RECEP- Em sua trajetória, Paulo Freire testemunhou e propagou valores e princípios éticos que, hoje, diante de um mundo globalizado e mutante, não só permanecem fundamentais para a educação, mas também parecem ser esses os que poderão fazer a diferença frente a tantos desafios. Quais são os caminhos para pensarmos uma nova forma de educação?

 

 

Moacir Gadotti— Nesses últimos anos tem-se debatido, com frequência, o tema da relação entre educação e barbárie. Não é por nada que esse debate esteja acontecendo hoje: ele surge quando a educação se distancia da centralidade na pessoa, no ser humano, e se transforma numa luta meritocrática onde há vencidos e vencedores, centrada na lógica do mercado. A vida não se resume em vencer ou não vencer. Não nascemos programados para nos tornar predadores. Por isso precisamos urgente de uma outra educação e Paulo Freire pode nos ajudar nessa construção. Ele nos convida, como docentes, a pensar novos paradigmas em diferentes áreas, a partir de uma perspectiva crítica. Desafios não faltam.

 

 

 

 

 
 

"Somos essencialmente profissionais do sentido. Educamos quando ensinamos com sentido. Educar é impregnar de sentido a vida"

 

 

 

 

 

Sabemos disso e não nos intimidamos diante disso. Em tempos obscuros como os que vivemos hoje, de ascensão do neoconservadorismo e da intolerância, nossa saída é reforçar nossa crença na nossa capacidade, como educadoras e educadores, docentes e discentes, de enfrentá-los com lucidez e determinação. Não desistir daquilo em que acreditamos. Construir coletivamente razões para "esperançar". Para isso, mais do que nunca, precisamos hoje estar atentos e atentas a um dos saberes necessários à prática educativa crítica que é saber escutar. Eu me pergunto com frequência: por que sou professor hoje? É também uma pergunta que tenho ouvido com frequência nesses 60 anos de magistério. Talvez esteja aqui a chave para entender a crise que vivemos: perdemos o sentido do que fazemos. Ensinar vem do latim insignare, que significa "marcar com um sinal", indicar um caminho, um sentido. Somos essencialmente profissionais do sentido. Educamos quando ensinamos com sentido. Educar é impregnar de sentido a vida. A profissão docente está centrada na vida, no bem viver. Exige de nós coragem, amor, ousadia, luta e clareza de que "uma outra educação é possível".

 

 

RECEP- Paulo Freire foi perseguido por ser um "educador político", criou um método para além da alfabetização, pois pretendia realizar um despertar crítico para que todos os seres humanos pudessem se sentir como gente capaz de transformar a realidade. Qual a sua palavra para os educadores e as educadoras que, assim como Paulo Freire, acreditam no poder de transformação social da educação?

 

 

Moacir Gadotti —Educar, para Paulo Freire, é um ato dialógico e, ao mesmo tempo, rigoroso, intuitivo, imaginativo, afetivo. Daí, o planejamento comunitário, participativo, a gestão democrática e compartilhada, a pesquisa participante e a politicidade da educação; a educação como produção de conhecimentos. Educar é ler o mundo para poder transformá-lo. Para construir o mundo é preciso primeiro sonhá-lo. Aprender e ensinar são atos inseparáveis. E surge a categoria que cimenta tudo isso: a dodiscência, como aparece em sua Pedagogia da autonomia, dedicada à formação docente. Essa tessitura fortemente articulada, amarrada, sólida, é constituída de múltiplos conceitos ou categorias: oprimido, práxis, curiosidade, amorosidade, utopia, cotidiano, esperança, sonho, autonomia, politicidade, criticidade, conectividade, conscientização, emancipação, autodeterminação, libertação, inédito viável, círculo de cultura, futuridade, eticidade, democracia, dialogicidade e outras. É nesse sentido que entendo o papel político do educador. Não perder jamais a clareza de que a história é tempo de possibilidades. Não se entregar. Não se deixar render. Acreditar sempre na nossa capacidade de construir coletivamente "inéditos viáveis" de cada tempo.

 

 

 

 

 

 

"Não perder jamais a clareza de que a história é tempo de possibilidades. Não se entregar. Não se deixar render"

 

 
 

 

 

RECEP- O pensamento de Paulo Freire é muito censurado por alguns setores da sociedade. Quais são as principais críticas e como podemos esclarecê-las, aqui?

 

 

Moacir Gadotti —Paulo Freire não polemizava com os críticos à sua obra. Dizia que o humor é construtivo e a polêmica, muitas vezes, destrutiva. Por isso, não polemizou com nenhum de seus críticos. Considerava as críticas positivamente, quando vinham de leituras sérias de sua obra, e procurava aprender com elas. Quando respondia, indiretamente, em seus livros – e isso ele o fez sistematicamente –, ele procurava, antes de mais nada, contextualizar as suas obras, mostrando que ele era, como todo ser humano, filho do seu tempo. Nesse sentido, podemos dizer que existe uma evolução no seu pensamento em que ia superando certas "ingenuidades", como ele mesmo afirma na Pedagogia da esperança, fazendo um reencontro com a Pedagogia do oprimido, onde ele diz que não conseguiu evitar certa linguagem sexista. Claro, ele não era indiferente às críticas, mas ficava atento às que eram fundamentadas, pertinentes, que contribuíam para que ele se tornasse um ser humano, educador, pesquisador melhor. Mas foram poucos os momentos em que o vi sofrer por causa disso. Não respondia a leituras sectárias de sua obra. Neste caso, Paulo Freire tinha o direito de discordar dessas leituras e não se reconhecer nelas.

 

 

RECEP- Fale-nos um pouco sobre o trabalho desenvolvido pelo Instituto Paulo Freire (IPF). Quais são as propostas e as formações oferecidas para quem deseja saber mais sobre o legado do educador?

 

 

Moacir Gadotti — O Instituto Paulo Freire completa, em 2022, 31 anos de existência. Paulo Freire participou da fundação do IPF. Nossas ações fundamentam-se nos princípios da educação popular, cidadã e em direitos humanos, utilizando metodologia essencialmente dialógica, inclusiva, respeitosa da diversidade, das diferenças e das semelhanças entre as culturas e os povos, fundada no incentivo à auto-organização e à autodeterminação. Atualmente existem Institutos Paulo Freire presentes em 18 países ao redor do mundo, independentes institucionalmente, mas orientados pelos mesmos princípios éticos, políticos e pedagógicos. A utopia que nos move é educar para transformar, combatendo toda forma de injustiça, educando para a transformação social, à luz de uma nova cultura política, inspirada no legado freiriano, que privilegia a escuta, o diálogo e promove uma vida sustentável e humanizadora.  

 

 

Quem desejar mais informações sobre o IPF e o legado de Paulo Freire pode encontrar informações em nossos sites e redes sociais:

 

Facebook IFP: https://www.facebook.com/InstitutoPauloFreireIPF

 

Youtube IFP: https://www.youtube.com/user/instpaulofreire

 

iPF.Tv: https://www.youtube.com/c/iPFTv2018

 

E-mail da EaD Freiriana: eadfreiriana@paulofreire.org

 

Facebook EaD Freiriana: https://www.facebook.com/eadfreirianaipf

 

Site do Memorial Virtual Paulo Freire: http://memorial.paulofreire.org/

 

Site do IPF: https://www.paulofreire.org

 

Comunidade Freiriana, inscreva-se no aplicativo: 

https://play.google.com/store/apps/details?id=com.lmts.comunidadefreiriana

 

 

 

     
 

RECEP- Nós, da RECEP, agradecemos a sua participação nesta edição especial sobre Paulo Freire. Foi uma honra recebê-lo! Prof. Gadotti, deixe, por gentileza, a sua mensagem final aos educadores/educadoras da Rede Pública de Ensino da Cidade do Rio de Janeiro.

 

 

     

 

 

"Em tempos como o que estamos vivendo hoje, de retrocessos sociais e políticos e de um neoconservadorismo crescente, precisamos de referenciais como os de Paulo Freire, para nos ajudar – como um mapa de navegação"

 

 
 

 

 

Moacir Gadotti — Eu é que devo agradecer o convite e o carinho de vocês. Quando Paulo Freire faleceu, no dia 2 de maio de 1997, recebemos centenas de mensagens, de diferentes partes do mundo, lamentando seu desaparecimento, que diziam textualmente: "minha vida não seria a mesma se eu não tivesse lido a obra de Paulo Freire"; "o que ele escreveu ficará no meu coração e na minha mente". Essas mensagens revelaram o impacto na vida de tantas pessoas de muitas partes do mundo. As ideias de Paulo Freire continuam válidas não só porque precisamos ainda de mais democracia, mais cidadania e de mais justiça social, mas, porque a escola e os sistemas educacionais encontram-se, hoje, frente a novos e grandes desafios. E ele tem muito a contribuir para a reinvenção da educação atual. Essa reinvenção da educação passa pela recuperação dos educadores como agentes e sujeitos do processo de ensino-aprendizagem e da prática educativa. A reinvenção da educação só pode ser obra de um esforço coletivo, colaborativo, plural, não sectário, pensando numa transição gradual para outras formas de conceber os sistemas educacionais, seu planejamento, sua gestão e monitoramento, seus parâmetros curriculares, se quisermos dar uma contribuição significativa para a construção de novas políticas públicas de educação. Em tempos como o que estamos vivendo hoje, de retrocessos sociais e políticos e de um neoconservadorismo crescente, precisamos de referenciais como os de Paulo Freire, para nos ajudar – como um mapa de navegação – a encontrar o melhor caminho de resistência e luta nessa travessia. Nossa resposta a esses tempos obscuros é celebrar Freire.