Sobre Anísio Teixeira

 

    Em 12 de julho de 1900, na cidade de Caetité, Bahia, nasceu Anísio Espínola Teixeira. Seu pai, Deocleciano Pires Teixeira, fundara a escola normal e a escola complementar da cidade.

Cursou o primário no Instituto São Luiz Gonzaga, em Caetité, e concluiu o secundário no Colégio Antônio Vieira, em Salvador.

Em 1922, de volta a Salvador, já bacharel em Direito, recebeu uma proposta do governador da Bahia para ocupar o cargo de Inspetor Geral do Ensino Estadual. O convite, inicialmente recusado, foi reiterado e, finalmente, aceito.

Em 1925, Anísio viajou à Europa e observou os sistemas escolares da Espanha, Bélgica, Itália e França. Ao retornar, apresentou um projeto de reforma do ensino baiano, através do qual defendia a concepção de que a escola deveria oferecer uma educação integral, desenvolvendo nos alunos qualidades cívicas, morais, intelectuais e de ação.

Primeiramente em 1927 e, depois, em 1928, viajou para os Estados Unidos da América, onde fez curso de pós- graduação no Teachers College da Columbia University, que lhe conferiu o título de "Master of Arts ". Também publicou o livro "Aspectos Americanos da Educação", que contém, além de observações de viagem, o primeiro estudo sistematizado das ideias de John Dewey. Após seu retorno ao Brasil, redigiu um balanço da Reforma de Instrução, na Bahia, de 1924 a 1929.

Diante da recusa de suas propostas pelo governo baiano, em 1929, Anísio pediu demissão da Inspetoria de Ensino da Bahia, passando a se dedicar ao magistério na Escola Normal de Salvador.

Em 1930, publicou o livro "Vida e Educação", que reuniu dois ensaios de John Dewey, traduzidos por ele. Ainda nesse ano escreveu o artigo "Por que a Escola Nova?", onde condensou o significado de suas duas viagens à América.

Em 1931, partiu para o Rio de janeiro e assumiu a Diretoria da Instrução Pública do Distrito Federal, a convite do Prefeito Pedro Ernesto.

Em 1932, Anísio tornou-se signatário do "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova", que divulgava as principais diretrizes de um programa de reconstrução educacional de um grupo de educadores, alguns dos quais já haviam comandado reformas no ensino público do país, como por exemplo, Lourenço Filho, no Ceará, de 1922 a 1923, e Fernando Azevedo, no Distrito Federal, de 1927 a 1930.

De 1931 a 1935, como secretário de Educação do Distrito Federal, Anísio criou uma rede Municipal de Ensino e transformou a antiga Escola Normal, criada na gestão de Fernando de Azevedo, em Instituto de Educação. Durante esse período, ele publicou os seguintes livros: "Educação Progressiva- uma introdução à Filosofia da Educação" e "Em Marcha para a Democracia".

Em abril de 1935, ainda como dirigente da Diretoria da Instrução Pública do Distrito Federal, criou a Universidade do Distrito Federal. No final desse ano, por motivos políticos, Anísio pediu ao Prefeito Pedro Ernesto demissão do cargo e, junto com alguns de seus colaboradores, acabou preso pelo governo de Getúlio Vargas. Solto, se "exilou" no sertão da Bahia, região de Caetité, na fazenda Gurutuba.

Em 1936, publicou "Educação para a Democracia: Introdução à Administração Escolar". Entre 1937 e 1945, Anísio Teixeira permaneceu na Bahia e se dedicou à exploração e exportação de manganês, calcário e cimento, à comercialização de automóveis, à tradução de livros para a CEN- Companhia Editora Nacional e à correspondência com os amigos.

Após a redemocratização do país, com a eleição de Otavio Mangabeira para o governo baiano, Anísio foi convidado para o cargo de Secretário de Educação e Saúde do Estado. Já como secretário, lutou para aprovar, na Assembleia Legislativa, seu plano de organização do sistema escolar.

Criou a Fundação para o Desenvolvimento da Ciência, na Bahia e foi, também, Secretário dessa Fundação. Nesse período, Anísio construiu o Centro Popular de Educação Carneiro Ribeiro, popularmente conhecido como Escola-Parque, no bairro da Liberdade, em Salvador.

A luta de Anísio pela educação pública continuou intensa por toda a década de cinquenta, através de conferências, livros manifestos e de sua gestão na administração pública.

Em 1951, assumiu, a convite do Ministro Simões Filho, a Secretaria Geral da Campanha de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, que seria por ele transformada em um órgão: a Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES. No ano seguinte, acumulou também o cargo de diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos- INEP, onde criou o Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais-CBPE.

Durante sua gestão no INEP, Anísio transformou a Escola Guatemala em escola de demonstração, em 1955, quando a Secretaria de Educação do Distrito Federal e o INEP firmaram convênio, que teve vigência até 1975.

Durante a década de cinquenta, a polêmica em torno da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ganhou, graças à sua atuação e à de outros educadores, maior espaço nos jornais, nas revistas, nos debates da Assembleia Legislativa e das associações de classe, como a Associação Brasileira de Educação.

Em 1956, escreveu "A Educação e a Crise Brasileira". Em 1957, publicou, em meio aos debates em torno daquela lei, o livro "Educação não é Privilegio", que lhe valeu uma forte oposição dos educadores católicos e dos proprietários de escolas particulares. No momento mais acirrado da polêmica, os bispos gaúchos lançaram o "Memorial dos Bispos", em 1958, no qual chamavam Anísio de "extremista" e pediam sua demissão do INEP. Na ocasião, ele recebeu apoio, através de um manifesto assinado por quinhentos e vinte e nove educadores de todo o país, e também a solidariedade da Cardeal Primaz da Bahia. O presidente Juscelino Kubitschek o manteve no cargo, convidando-o a idealizar, junto com Darcy Ribeiro, a Universidade de Brasília- UNB, na cidade que seria a futura capital do país.

Em 1961, Anísio foi nomeado vice-reitor da UNB e, com a nomeação do então reitor, Darcy Ribeiro, como Chefe do Gabinete Civil da Presidência, assumiu a reitoria.

Em 1964, após a deposição do Presidente João Goulart, o governo militar o afastou da reitoria e Anísio partiu para os Estados Unidos, onde foi lecionar como "visiting scholar", na Columbia University (1964), na New York University (1965) e na University of California (1966).

Ao retornar ao Brasil, Anísio, além de permanecer integrado ao Conselho Federal de Educação, organizou e reviu coletâneas e reedições de antigos trabalhos: em 1967, a "Pequena Introdução à Filosofia da Educação" e "Educação é um Direito" e, em 1969, "Educação no Brasil" e "Educação e o Mundo Moderno". Tornou-se consultor da Fundação Getúlio Vargas e voltou a trabalhar na Companhia Editora Nacional.

No início de 1971, mais uma vez pressionado por intelectuais, Anísio Teixeira aceitou candidatar-se a uma vaga na Academia Brasileira de Letras.

Em março desse mesmo ano, morte trágica, noticiada e debatida em vários jornais, interrompeu brutalmente sua trajetória.

Na pasta que carregava consigo, por ocasião de seu desaparecimento, foi encontrado um manuscrito no qual, como sempre, demonstrava seu compromisso com a mudança, visando à transformação social:

"Com efeito, todo o presente modo de pensar do homem é o modo de pensar em termos de mudança. A essência do método científico está em sua posição de juízo suspenso. Tudo que fazemos se funda em hipóteses, sujeitas obviamente a mudanças. Tais mudanças decorrem de novos conhecimentos, os novos conhecimentos decorrem de novas experiências e tais novas experiências do fluxo ininterrupto de mudanças..."

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